Porto Alegre, 09 de novembro de 2025 – A Câmara Municipal de Porto Alegre vive um clima de tensão com o processo de cassação do vereador Gilvani Dall’Oglio (Republicanos), conhecido como “O Gringo”. Protocolado em outubro, o pedido tramita na Comissão de Ética da Casa e pode resultar na perda do mandato do parlamentar, eleito em 2024. Nos bastidores, base aliada e oposição sinalizam apoio à punição, com estimativas de que o plenário conte com pelo menos 24 votos favoráveis à cassação.O que motivou o pedido?A denúncia, assinada pelo presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Matias, acusa Gilvani de quebra de decoro parlamentar. O foco são declarações feitas pelo vereador durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), em 29 de setembro. Na ocasião, ele admitiu que uma empresa de sua propriedade manteve contratos com a prefeitura de Porto Alegre entre 2023 e 2024, período em que era candidato à reeleição.Gilvani alegou ter sido coagido a pagar propinas para liberação de pagamentos, descrevendo um esquema de extorsão a empresários pelo Dmae desde 2015. O Dmae rebateu as acusações, classificando-as como “ilações sem provas” e “sem fundamento”. O relator da CPI, vereador Rafael Fleck (MDB), também sinalizou a possibilidade de um pedido paralelo de cassação, criticando as falas do parlamentar como potencialmente mentirosas e irregulares.Essa não é a primeira investida do Simers contra o vereador. Em denúncia anterior, o sindicato pediu a cassação por suposto abuso de prerrogativas e desrespeito a profissionais de saúde, em meio a polêmicas envolvendo ataques a médicos durante a pandemia.O trâmite na CâmaraO processo está sob relatoria da vereadora Lourdes Sprenger (MDB) na Comissão de Ética, integrada por 12 vereadores. O colegiado analisa se as condutas configuram violação ao Código de Ética da Casa. Se o parecer for favorável à cassação, o caso avança para votação no plenário, onde bastaria maioria simples (18 dos 35 vereadores) para aprovação.O trâmite é sigiloso em partes, mas vazamentos e debates públicos intensificam a pressão. Grupos de defesa da ética no Legislativo e entidades como o Simers cobram agilidade, enquanto o Republicanos, partido de Gilvani, emitiu nota de apoio, alegando “perseguição política”.Consequências e contexto políticoCaso cassado, Gilvani seria substituído pelo primeiro suplente de sua coligação, o Professor Tovi (Republicanos). O episódio, que pode ser o primeiro de cassação por quebra de decoro desde 2018 na Câmara, expõe fragilidades na fiscalização de conflitos de interesse entre mandato e interesses privados. Ademais, o vereador enfrenta ações paralelas na Justiça Eleitoral, com pedido do Ministério Público por suposta compra de votos nas eleições de 2024, envolvendo distribuição de gasolina em troca de apoio.Gilvani, que nega irregularidades e diz possuir “documentação comprobatória”, vê o caso como um “jogo de narrativas”. Em entrevista recente, ele afirmou: “Tenho quase certeza de que vão me cassar, mas a verdade vai prevalecer”. A votação final é esperada para dezembro, mas adiamentos não são descartados, ampliando o debate sobre transparência no Legislativo gaúcho.
Correio do Povo
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