Um caso insólito de falha de controle em governança corporativa se tornou um litígio judicial no Chile. Em maio de 2022, um assistente de despacho de um consórcio industrial de alimentos, que recebia cerca de 500 mil pesos chilenos (aproximadamente R$ 3 mil) por mês, recebeu em sua conta um depósito de 165.398.851 pesos — um valor cerca de 330 vezes maior que seu salário.
O montante transferido por engano, que chega perto de R$ 1 milhão, expôs uma grave falha nos sistemas de folha de pagamento da empresa.
A Sequência de Eventos:
- Notificação e Acordo: Inicialmente, o funcionário notificou a chefia sobre o erro e concordou em devolver o valor depositado indevidamente.
- Mudança de Postura: Em seguida, o empregado parou de responder aos contatos da empresa, contratou um advogado e formalizou seu pedido de demissão.
- Desaparecimento: Depois de pedir demissão, o funcionário desapareceu sem devolver o dinheiro.
A empresa reagiu movendo uma ação penal contra o ex-funcionário, argumentando que a mudança de comportamento evidencia dolo (intenção) em se apropriar do dinheiro, enquadrando o caso como apropriação indébita.
O episódio não só resultou em um prejuízo financeiro para o consórcio, mas também levantou um debate legal no Chile sobre como classificar crimes patrimoniais na era dos ativos digitais. Para especialistas, o caso é um exemplo de como um erro processual simples pode escalar para litígios complexos e perdas financeiras significativas, reforçando a necessidade de controles de folha de pagamento robustos e em múltiplas camadas.