Nos anos 1960, a transferência compulsória de famílias da região central de Porto Alegre para uma área afastada e sem infraestrutura deu origem ao povoamento da Restinga, que hoje é o bairro mais populoso da Capital e de todo o Rio Grande do Sul.
Localizado a cerca de 20 km do Centro, o bairro da zona Sul abriga 62.448 habitantes, conforme o Censo de 2022, e é frequentemente descrito como “quase uma cidade”, pela diversidade de serviços e pela intensa mobilização social e cultural.
A realidade atual contrasta com o início da comunidade. A Restinga nasceu da remoção dos moradores da antiga Ilhota, território marcado pela cultura negra, situado entre a Azenha e a Cidade Baixa. O processo foi conduzido pelo recém-criado Departamento Municipal de Habitação (Demhab), dentro de um projeto de reordenamento urbano.
As famílias foram despejadas, seus barracos desmontados e os pertences transportados em caminhões, para dar lugar a obras de aterro e à ampliação do sistema viário. Documentos da época, citados pelo Correio do Povo, mostram que a região era vista como um espaço “artificialmente sem ocupação à espera da valorização imobiliária”.
Encaminhados para uma área de perfil rural, os moradores encontraram estradas de chão, terrenos alagadiços, vegetação arbustiva e o Arroio do Salso cortando a paisagem. Foi nesse cenário que surgiu o nome “Restinga”, associado às margens cobertas de mato e sangas.
Sem água encanada, energia elétrica, calçamento ou oportunidades de trabalho, a comunidade enfrentou grandes desafios. Ainda assim, a população se organizou, superou dificuldades e cresceu rapidamente, transformando a Restinga em um dos principais símbolos da expansão urbana de Porto Alegre.
Correio do Povo
Origem: RS Notícias: Restinga: da remoção forçada ao maior bairro de Porto Alegre
