Brasília – 22/11/2025 – O procurador-geral da República, Paulo Gonet, emitiu parecer favorável ao pedido da Polícia Federal para a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na madrugada deste sábado (22), às 1h25. Em documento sucinto de uma página, Gonet afirmou que “não se opõe” à medida, destacando a “urgência e gravidade dos novos fatos apresentados”.“Diante da urgência e gravidade dos novos fatos apresentados, a Procuradoria-Geral da República não se opõe à providência indicada pela Autoridade Policial”, escreveu o PGR, em texto reproduzido no despacho do ministro Alexandre de Moraes (STF), relator do inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.Contexto da detençãoBolsonaro, que cumpria prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica desde agosto, foi detido por volta das 6h10 na residência da família, no Lago Sul, após a PF detectar violação do equipamento às 0h08. A corporação interpretou o episódio — combinado com a convocação de uma vigília de apoio pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) — como indício de risco de fuga, especialmente em meio ao feriado prolongado e à proximidade do julgamento por tentativa de golpe de Estado, que pode resultar em pena de até 27 anos.Moraes determinou a custódia na Superintendência da PF em Brasília, em uma cela de 12 m² com banheiro privativo, e ordenou atendimento médico integral em plantão, considerando a idade (70 anos) e condições de saúde do ex-presidente, incluindo problemas cardíacos e recentes cirurgias.Reações e desdobramentosA decisão pegou de surpresa a base bolsonarista, que reagiu com acusações de “perseguição política” e “ataque à democracia”. Flávio Bolsonaro chamou a prisão de “criminalização da fé”, enquanto aliados como o deputado Luciano Zucco (PL-RS) anunciaram deslocamento imediato a Brasília para “prestar apoio”. A defesa de Bolsonaro prometeu recurso urgente, alegando que a violação da tornozeleira foi um ato de “curiosidade” e que a vigília era pacífica.Especialistas em direito penal, como o professor Conrado Hübner Mendes (USP), avaliam que o parecer da PGR fortalece a medida, dada a combinação de descumprimento de ordem judicial e histórico de obstrução. O caso deve ser julgado pelo plenário do STF em breve, ampliando o debate sobre impunidade em crimes contra o Estado Democrático de Direito.Bolsonaro, condenado em primeira instância por falsificação de documento e incitação ao crime, agora enfrenta regime fechado enquanto aguarda recursos. A prisão ocorre em um momento tenso para a oposição, com eleições municipais em curso e polarização em alta.Fonte: Correio do Povo / Tribunal do Sertão / Diário do Grande ABC
