RS Notícias: O SIMULACRO DO BEM COMUM – 26.08.25

 Por Alex Pipkin – PHD

 

O que é, afinal, o bem comum? Não reside ele em proteger, preservar e valorizar o povo, o verdadeiro coração de qualquer república digna? No Brasil, porém, o que se vê é o oposto. Governantes proclamam palavras como “democracia” e “estado de direito” com altivez, mas são ecos vazios, bonitos apenas no som. A cada ciclo político, uma minoria organizada, uma deselite, ocupa o poder não para servir ao povo, mas para alimentar projetos ideológicos e interesses particulares. Dizem governar “pelo povo”, mas governam contra ele, sequestrando a própria ideia de democracia.

Desde sempre, observa-se um padrão inescapável. Tem-se uma minoria, autoproclamada “civilizada” ou “especialista”, que assume o papel de decidir pelo restante da sociedade, como se o povo fosse incapaz de compreender seu próprio destino. Intelectuais, políticos e estrategistas legitimam essa lógica, impondo decisões que ignoram os interesses da coletividade. É essa deselite que traça regras, definindo prioridades e ditando rumos — em oposição aos desejos e necessidades do cidadão comum — mantendo o simulacro de democracia enquanto subverte o verdadeiro bem comum.

Na economia, a ilusão é igualmente flagrante. Retratam o povo como figurantes na engrenagem dos capitalistas, como se estes fossem donos absolutos de nossas vontades. Mas, em uma economia de mercado genuína, não são os capitalistas que decidem: é o consumidor. Ninguém pode ser coagido a comprar o que não deseja; apenas um monopólio estatal teria esse poder. O povo, em suas escolhas diárias, determina o que deve ser produzido, em que quantidade e qualidade. A soberania econômica reside nele, e toda tentativa de subvertê-la é uma violência contra a liberdade.

O Estado de Direito, tão proclamado, revela-se um simulacro. Não há democracia quando os poderes se desequilibram, quando tribunais invadem competências alheias e decidem pelo povo em lugar do povo. A hipertrofia do Judiciário transforma-o em árbitro moral supremo, autoproclamado dono da verdade, dissolvendo o próprio Estado de Direito. Em lugar da autocontenção, há imposição; em lugar do respeito, o medo. A vontade popular, que deveria sustentar toda ordem democrática, é substituída pela arrogância de quem se coloca acima dela.

O Legislativo, que deveria ser o espelho da sociedade, converteu-se em refém. Muitos parlamentares, acuados pelo medo, já não legislam; resignam-se a obedecer. Outros, capturados pelo Executivo, alinham-se a projetos de poder que nada têm de populares, servindo apenas a interesses ideológicos e impondo agendas contrárias ao povo e ao bem comum. O Parlamento, que deveria ser o coração da democracia representativa, sucumbe ao medo e à conveniência.

Eis a tragédia brasileira! Em vez de freios e contrapesos a serviço da liberdade, temos um conluio tácito de poderes que, cada qual à sua maneira, se volta contra o cidadão. Executivo, Legislativo e Judiciário, em vez de garantirem a soberania popular, a subvertem; em vez de preservarem o bem comum, o traem; em vez de respeitarem o povo e o consumidor, arrogam-se o direito de decidir por eles. Não é democracia. Não é Estado de Direito. É apenas o simulacro de uma república que governa contra aqueles a quem deveria servir.

E, assim, neste país de palavras grandiosas e ações perversas, o povo não governa. O consumidor não decide. O bem comum é apenas uma sombra, perseguida e desfigurada por aqueles que deveriam protegê-lo, enquanto todos os poderes, cada qual à sua maneira, conspiram para seu esquecimento.

Pontocritico.com

Source: RS Notícias: O SIMULACRO DO BEM COMUM – 26.08.25

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