Naomi Ellen Watts, nascida em 28 de setembro de 1968 em Shoreham, Kent, na Inglaterra, é uma das atrizes mais admiradas do cinema contemporâneo, conhecida por sua capacidade de mergulhar em papéis complexos e emocionalmente intensos. Com uma carreira que abrange mais de três décadas, ela transitou de papéis secundários em produções australianas para protagonismos em blockbusters e dramas independentes de Hollywood, acumulando indicações a prêmios como o Oscar e o Globo de Ouro. Sua ascensão não foi linear: marcada por rejeições e um período de estagnação nos anos 1990, Watts transformou adversidades em combustível para papéis icônicos que destacam vulnerabilidade e força feminina. Com um patrimônio estimado em US$ 35 milhões em 2024, ela também se destaca como produtora e ativista, equilibrando arte, família e causas humanitárias.Vida Pessoal: Raízes Nômades e Transformações EspirituaisA infância de Watts foi moldada por perdas e mudanças constantes, elementos que ecoam em muitos de seus personagens. Filha de Myfanwy “Miv” Edwards, uma designer de figurinos galesa, e Peter Watts, engenheiro de som da lendária banda Pink Floyd, Naomi viu seus pais se separarem quando tinha quatro anos. Aos sete, perdeu o pai para uma overdose de heroína, um trauma que a marcou profundamente. Sua mãe, então, mudou-se com Naomi e o irmão mais velho, Ben Watts (hoje fotógrafo renomado), pela Inglaterra e País de Gales, antes de se instalarem em Sydney, Austrália, em 1982, aos 14 anos dela.Aos 16, Naomi começou a trabalhar como modelo em anúncios de TV, mas a experiência em Tóquio, no Japão, foi traumática — ela descreveu como “degradante” em entrevistas, o que a levou a abandonar a moda e se dedicar à atuação. Estudou na National Institute of Dramatic Art (NIDA) em Sydney, mas largou para perseguir oportunidades reais. Sua vida pessoal ganhou estabilidade no século XXI: de 2005 a 2016, manteve um relacionamento com o ator Liev Schreiber, com quem teve dois filhos — Alexander “Sasha” (2007) e Kai (2008). Em 2023, casou-se com o ator Billy Crudup em uma cerimônia discreta na Nova York, onde reside. Watts é praticante de meditação transcendental e budista, interesses despertados durante as filmagens de O Véu Pintado (2006), e é fluente em inglês com sotaque australiano sutil.Carreira Inicial: Dos Papéis Secundários à Luta por ReconhecimentoWatts estreou no cinema aos 18 anos com um pequeno papel em For Love Alone (1986), uma comédia romântica australiana. Nos anos 1990, alternou entre TV e cinema local: apareceu na sitcom Hey Dad..! (1990), na novela Home and Away (1991) e em seu primeiro protagonista em Gross Misconduct (1993), um thriller sobre uma aluna que acusa um professor de estupro. Sua primeira incursão em Hollywood veio com Tank Girl (1995), adaptação de quadrinhos com Lori Petty, mas o filme foi um fracasso de bilheteria.O período foi de estagnação: Watts trabalhou como garçonete, editora de moda e atriz em produções de baixo orçamento, como o terror Children of the Corn IV: The Gathering (1996) e o drama biográfico Dangerous Beauty (1998). “Eu era a garota que ninguém queria”, ela refletiu em entrevistas, ecoando as rejeições que inspiraram seu papel semi-autobiográfico em Mulholland Drive. Uma amizade com Nicole Kidman — que a indicou para audições após Flirting (1991) — ajudou, mas o reconhecimento veio devagar.Ascensão em Hollywood: O Ponto de Virada com David LynchO grande salto veio em 2001 com Mulholland Drive, de David Lynch, inicialmente um piloto de TV rejeitado pela ABC e transformado em filme. Watts interpretou Betty/Diane, uma aspirante a atriz que mergulha em uma trama de mistério e identidade fragmentada em Los Angeles. O filme, cultuado no Festival de Cannes, rendeu a ela elogios como “revelação do ano” e uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama. Foi um retrato semi-autobiográfico de suas lutas em Hollywood, impulsionando sua carreira para o estrelato.Momentos Importantes da Carreira: Prêmios, Blockbusters e Dramas IntimistasA década de 2000 consolidou Watts como atriz versátil, misturando terror comercial e dramas independentes:2002: The Ring – Remake americano do japonês Ringu, onde interpretou Rachel, uma jornalista investigando uma fita amaldiçoada. O sucesso de US$ 249 milhões globalmente a transformou em “rainha do terror”, mas ela evitou ser rotulada.
2003: 21 Grams – Ao lado de Sean Penn e Benicio del Toro, em direção de Alejandro González Iñárritu, Watts viveu Cristina, uma viúva devastada pela perda. Sua performance visceral rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz — seu primeiro —, além de Globo de Ouro e Screen Actors Guild Award.
2005: King Kong – Dirigida por Peter Jackson, interpretou Ann Darrow, a heroína no remake do clássico. O filme faturou US$ 562 milhões e lhe valeu o Saturn Award de Melhor Atriz; ela também dublou o personagem no jogo de vídeo game.
2006: O Véu Pintado – Drama romântico com Edward Norton, baseado no romance de Somerset Maugham, que a inspirou a se aproximar do budismo. Críticos elogiaram sua sutileza.
2012: The Impossible – Como Maria, uma mãe sobrevivente ao tsunami de 2004 na Tailândia, Watts entregou uma atuação física e emocional que lhe rendeu outra indicação ao Oscar, Globo de Ouro e BAFTA.
Outros destaques incluem Eastern Promises (2007, de David Cronenberg), Fair Game (2010, como Valerie Plame), J. Edgar (2011, com Leonardo DiCaprio) e Birdman (2014), onde seu papel de terapeuta rendeu indicação ao Globo de Ouro. Em 2013, encarnou a Princesa Diana no polêmico Diana, que dividiu opiniões.Transição para TV e Produção: Novos HorizontesNos anos 2010-2020, Watts expandiu para a televisão e produção executiva. Em Twin Peaks (2017), de Lynch, interpretou a agente Tammy Preston. Produziu e estrelou Gypsy (2017), thriller psicológico na Netflix. Destaques recentes: The Loudest Voice (2019, como Gretchen Carlson, contra o assédio na Fox News), The Watcher (2022, thriller na Netflix) e Feud: Capote vs. The Swans (2024, na FX, como Babe Paley).Como produtora, fundou a Cross Creek Pictures, focando em narrativas femininas. Em 2020, estrelou Penguin Bloom, inspirado em história real australiana.Ativismo e LegadoWatts é embaixadora da ONU para AIDS e da campanha Beautiful Lengths da Pantene, doando perucas para mulheres com câncer. Seu ativismo reflete papéis que exploram trauma e resiliência, influenciando gerações de atrizes australianas como Margot Robbie.Aos 57 anos, Watts continua ativa, com projetos em desenvolvimento como direção e mais produções. Sua carreira, de “atriz de cinema de arte” a ícone global, prova que persistência e vulnerabilidade autêntica podem redefinir Hollywood. Como ela disse: “Há muitos esqueletos no meu armário, mas eu sei o que eles vestem”. Seu legado é de uma mulher que transforma dor em arte duradoura.
Origem: RS Notícias: Naomi Watts: A Jornada de uma Atriz Versátil e Resiliente
