RS Notícias: MITO NACIONALISTA E O PREÇO DA ILUSÃO ESTATAL – 03.12.25

 Por Alex Pipkin, PhD em Administração

 

O Brasil vive um daqueles momentos em que a realidade deixa de pedir licença e simplesmente arromba a porta. A crise fiscal já não é um alerta técnico, é uma sentença. Mesmo assim, um governo petista incapaz de tomar decisões elementares, aquelas que qualquer família aplica na mesa da cozinha, insiste em brincar de empresário estatal, como se disciplina fiscal fosse capricho de economista liberal. Não é. É a regra número um de qualquer nação que pretenda prosperar. E o país segue agindo como se pudéssemos revogá-la por decreto.
O déficit público, crônico e teimoso, avança para patamares que já ultrapassam 100% do PIB. Imaginem 2026, ano eleitoral. A partir desse ponto, não estamos mais discutindo “preocupação”; estamos negociando tempo com a insolvência. Ainda assim, como num teatro vermelho de quinta categoria, ressurge o velho nacionalismo tropical. A surrada mística do “patrimônio do povo”, uma herança folclórica do “Petróleo é Nosso”, agora reciclada para defender estatais incapazes de cumprir funções básicas.
Essa confusão proposital entre patriotismo e nacionalismo é parte do problema. Patriotismo verdadeiro é responsabilidade fiscal, eficiência, instituições fortes e respeito ao dinheiro suado do contribuinte. Nacionalismo, ao contrário, trata-se de ideologia, uma muleta emocional dos que precisam justificar cabides de emprego, rombos bilionários e serviços decadentes.
O caso dos Correios é o retrato mais cristalino dessa ilusão estatal. Num mundo movido por tecnologia, integração logística, rastreabilidade e competição global, ainda fingir que uma estatal engessada, cara e politizada consegue entregar eficiência é negar o século XXI. Hoje, é tão evidente quanto dizer que o sol nasce no leste. Empresas privadas operam melhor, inovam mais e entregam serviços mais baratos e mais ágeis. E os governos “progressistas” persistem na brincadeira séria de bancar empresários. Escárnio.
Digo isso com a experiência de quem dedicou mais de 20 anos ao estudo da Administração, da Economia e da gestão empresarial. Toda organização verdadeiramente sólida e lucrativa entende que recursos são escassos, que foco é indispensável, que governança não é ornamento, e que a concorrência é a única força capaz de empurrar qualquer negócio para a inovação e para a excelência. Estatais, por definição, operam na contramão desses princípios.
As evidências são vastas: estatais brasileiras sistematicamente apresentam menor rentabilidade, maior risco e desempenho inferior ao de empresas privadas. Não é narrativa. É realidade. E quando o país está soterrado por um rombo estrutural que compromete sua própria estabilidade, seguir repetindo que “privatizar entrega o patrimônio nacional” não é erro, é sabotagem.
Não há saída fiscal, econômica ou institucional que dispense a reabertura imediata do debate das privatizações. Isso não é ideologia; ideologia é esse nacionalismo barato, sustentado por slogans sentimentais para proteger estruturas que sobrevivem de ineficiência e sugam o dinheiro do cidadão brasileiro.
Manter estatais deficitárias em nome de uma fantasia de soberania não é defesa do interesse público; é atraso histórico.
O verdadeiro patrimônio nacional não são máquinas estatais capturadas por partidos, corporações e interesses privados. O verdadeiro patrimônio é a liberdade — inclusive a liberdade de impedir que o Estado continue fingindo que é empresário.
Claro, um “empresário ornamental”, sem estudo, sem os fundamentos básicos do empreendedorismo e incapaz de administrar a própria conta bancária, que continua bancando gestor do que não sabe, às custas de quem produz.

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Origem: RS Notícias: MITO NACIONALISTA E O PREÇO DA ILUSÃO ESTATAL – 03.12.25

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