O relatório final do grupo de trabalho do Ministério dos Transportes sobre a situação da Malha Sul, que abrange os estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, ainda não foi publicado, mas está em fase de conclusão. Criado em novembro de 2024 e prorrogado em junho de 2025 por mais 90 dias, o grupo deveria ter encerrado suas atividades em setembro.
Análise da concessão
Segundo o Ministério, o documento trará uma avaliação detalhada da proposta apresentada pela concessionária Rumo Logística, responsável pela Malha Sul desde 1997, além de alternativas para a renovação do contrato vigente ou a abertura de um novo processo licitatório.
“O Ministério dos Transportes segue comprometido com a implementação de soluções logísticas para a Malha Sul e tem conduzido a elaboração do documento com rigor técnico e institucional”, informou a pasta em nota.
Situação crítica da malha
Mais de 50% da linha ferroviária da região está fora de operação, conforme carta assinada pelos governadores dos quatro estados.
- Santa Catarina: apenas 17% dos trechos ativos
- Rio Grande do Sul: 25% em operação
- Paraná: 69% ativos
- Mato Grosso do Sul: 67% ativos
A infraestrutura remanescente apresenta sinais de abandono e sucateamento, o que impacta diretamente a competitividade econômica da região, responsável por 18,3% do PIB brasileiro.
Impacto econômico
No RS, a enchente histórica de maio de 2024 reduziu drasticamente a operação da malha: dos 3.823 km concedidos em 1997, apenas menos de mil km seguem ativos. O isolamento ferroviário aumentou custos de produção e reduziu a competitividade.
Um exemplo é a Be8 Energy, em Passo Fundo, que investe R$ 1,1 bilhão em uma nova usina de etanol. A empresa, antes grande usuária da ferrovia para escoar biodiesel, calcula um custo adicional de R$ 7 milhões ao ano em frete rodoviário.
Críticas e preocupações
O secretário adjunto de Logística e Transportes do RS, Clóvis Magalhães, afirma que apenas os trechos Cruz Alta–Rio Grande e arredores do Polo Petroquímico de Triunfo seguem operando. Ele critica a longa concessão e a falta de participação dos estados nas discussões do relatório.
“Estamos sucateando nossas rodovias por falta de uma ferrovia capaz de nos atender. São necessários 12 mil caminhões por ano apenas para transportar produtos líquidos para a Braskem, em Triunfo”, destacou.
Um estudo da Portos RS mostra que, desde 2006, houve queda de 50% no transporte ferroviário de cargas. Caso o modal fosse eficiente, haveria economia de até 22% no frete até o Porto de Rio Grande.
Renovação ou nova licitação
O contrato da Rumo Logística termina em fevereiro de 2027. A empresa apresentou proposta de renovação à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), prevendo redução da malha no RS de 920 km para 860 km.
O governo estadual vê com preocupação a diminuição, que representaria quase 80% de redução da operação desde 1997. O Ministério dos Transportes considera a proposta uma “repactuação”, mas já admite a possibilidade de nova licitação, caso não haja acordo.
O relatório do grupo de trabalho, ainda não divulgado, deverá servir de subsídio para decisões sobre o futuro da Malha Sul, incluindo custos de recuperação dos trechos afetados pelas enchentes.
A concessionária Rumo foi procurada, mas não respondeu.
Origem: https://www.rsnoticias.top/2025/12/malha-sul-relatorio-sobre-futuro-das.html
