Com a autorização judicial mantida pelo desembargador Fernando Braga Damasceno, do TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região), o curso de Medicina da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) voltado a beneficiários do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária) terá início em 2 de dezembro.
A turma, composta por 80 estudantes, inclui integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), assentados, acampados, quilombolas, educadores populares e famílias ligadas ao Crédito Fundiário.
Seleção e Financiamento
O processo seletivo para o curso foi diferenciado e não utilizou critérios tradicionais como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ou Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A seleção gratuita baseou-se em:
- Histórico Escolar (peso 4).
- Redação Presencial (peso 6), sobre temas como saúde no campo, educação agrária e reforma agrária.
A UFPE informou que as 80 vagas são suplementares e não afetam o sistema regular de ingresso na universidade. O financiamento do curso é feito pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), por meio do Pronera, que também custeia bolsas para professores voluntários. As aulas serão ministradas no campus da UFPE em Caruaru.
Críticas
A decisão gerou críticas por parte de entidades médicas e políticas. O Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco), o Sindicato dos Médicos e a Associação Médica de Pernambuco emitiram uma nota conjunta afirmando que o processo “afronta os princípios da isonomia e da credibilidade acadêmica”. Na Câmara dos Deputados, a Comissão de Agricultura aprovou a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para que ele preste explicações sobre o tema.
