REDUÇÃO TARIFÁRIA
Enquanto as atenções se voltam para uma eventual e/ou possível -REDUÇÃO TARIFÁRIA- sobre vários produtos que o Brasil exporta para os EUA, dando nítida impressão, como anunciam a todo momento os nossos -tradicionais e ideológicos- MEIOS DE COMUNICAÇÃO, de que uma vez superada a grande encrenca a ECONOMIA BRASILEIRA entrará, inevitavelmente, em fase -VOO DE CRUZEIRO-.
MASSA MUSCULAR
Pois, ainda que os tais MEIOS DE COMUNICAÇÃO se esforcem no sentido de fazer com que o povo brasileiro acredite que a -CAUSA- da PERDA DA MASSA MUSCULAR DA NOSSA ECONOMIA é obra do TARIFAÇO, volto a lembrar que a DESTRUIÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DO NOSSO EMPOBRECIDO BRASIL tem como protagonista o -INESGOTÁVEL ROMBO FISCAL- que não por acaso se acentua -SEM PARAR- desde o primeiro dia deste FATÍDICO MANDATO do presidente Lula.
A CHAMPAGNE DO TITANIC
Aliás, bem a propósito deste simples e certeiro DIAGNÓSTICO que infelizmente vem sendo propositadamente -ESQUECIDO- pela MÍDIA ABUTRE, eis aí o revelador texto do analista de investimentos Rocpáurio Santos -A CHAMPAGNE DO TITANIC E A FESTA DO MERCADO QUE IGNORA O ICEBERG-:
– Se o mercado financeiro fosse uma pessoa, esta semana ele seria aquele seu amigo que, após receber o diagnóstico de uma doença grave, comemora efusivamente porque a dor de cabeça passou por um dia. Foi um espetáculo de NEGAÇÃO EM MASSA, uma festa barulhenta e eufórica no convés de um navio que todo mundo sabe que já bateu no iceberg. O apocalipse que todos previam foi, de fato, cancelado. Mas o ICEBERG, meus caros, não derreteu.
Vamos recapitular o roteiro que parecia inevitável. Há semanas, acendemos um ALERTA VERMELHO por um motivo simples: a conta da ISENÇÃO DO IR NÃO FECHAVA. Esse ROMBO FISCAL, alertamos, criaria uma ESPIRAL DE DESCONFIANÇA que levaria a JUROS MAIS ALTOS, DÓLAR NAS ALTURAS E UMA BOLSA DE VALORES EM FRANGALHOS. Aí, o inacreditável aconteceu.: a INFLAÇÃO -tanto a nossa quanto a americana-, veio mansa, comportada, quase pedindo desculpas por existir. Pronto: O mercado, com a memória de um PEIXINHO DOURADO, esqueceu instantaneamente o motivo de todo o pânico. Aquele alerta vermelho? Foi abafado pelo som do champanhe estourando.
VINGANÇA DOS OTIMISTAS
A reação foi um delírio coletivo: – As TAXAS DE JUROS, que precificavam o fim do mundo, desabaram como se não houvesse amanhã. A conversa sobre uma possível alta da Selic, que era o assunto da moda, virou piada de mau gosto. O mercado, em sua infinita sabedoria de curto prazo, decidiu que o problema estava resolvido. O DOLAR, que se preparava para uma escalada rumo ao infinito, perdeu o fôlego. Afinal, por que se proteger em moeda forte se a casa não está mais pegando fogo? Ou melhor, se todos decidiram ignorar o cheiro de fumaça. Mais: a BOLSA DE VALORES foi a grande protagonista da festa. Em um rali digno de filme, subiu com tanta força que quase zerou as perdas do mês. Foi a VINGANÇA DOS OTIMISTAS, a capitulação dos pessimistas, a prova de que, no mercado, a euforia pode ser tão irracional quanto o pânico.
CHATOS DA FESTA
E é exatamente aqui que precisamos ser os CHATOS DA FESTA. É aqui que precisamos lembrar que, enquanto todos dançam, o rombo no casco do navio continua lá. A inflação baixa não fez o governo magicamente encontrar dezenas de bilhões de reais para fechar o orçamento. Ela não criou uma nova fonte de receita, não cortou um único gasto. Pelo contrário, e aqui mora a ironia mais perversa: uma inflação comportada é o melhor pretexto para a inércia. Ela remove a urgência. Para que tomar o remédio amargo do ajuste fiscal se o paciente parece subitamente saudável? O “alerta vermelho” que acendemos não era sobre um número de IPCA. Era sobre a sustentabilidade das contas públicas. E esse alerta, hoje, está piscando com ainda mais intensidade, porque agora ele está sendo deliberadamente ignorado. O mercado está comemorando o sintoma, enquanto a doença avança silenciosamente.
.Essa festa dos tolos, no entanto, tem data e hora para acabar. E o teste de realidade já está marcado para a próxima semana. Na quarta-feira, o Federal Reserve, o todo-poderoso banco central americano, fará sua decisão de juros. Uma palavra mais dura de seu presidente, Jerome Powell, é o suficiente para desligar o som da festa no mundo inteiro e lembrar a todos que a vida real é feita de juros altos. Mas o grande confronto, o momento da verdade para o Brasil, será na sexta-feira. É quando serão divulgados os dados fiscais do governo. Será a hora de parar de olhar para a miragem da inflação e encarar a fotografia nua e crua da nossa realidade orçamentária. Os números do superávit (ou mais provavelmente, do déficit) e da dívida pública estarão lá, em preto e branco, para quem tiver coragem de ver. A semana que passou foi uma aula sobre a psicologia de manada. Mas não se deixe levar pela música alta. A inflação baixa foi um presente inesperado, um analgésico potente que aliviou a dor. Mas o risco fiscal é uma ameaça crônica, perigosíssima e que não desaparece com uma boa notícia. A festa está rolando, mas o chão já está tremendo. A questão não é se a conta vai chegar, mas quando. E ela sempre chega.
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Source: RS Notícias: ICEBERG FISCAL