Por Percival Puggina
Numerosas forças malignas, estruturadas, agem à custa da sociedade brasileira mediante atividades criminosas que contam com retaguarda jurídica e vanguarda política. Em dezembro do ano passado, dados de 2022, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública estimaram em R$ 146 bilhões os ganhos anuais do crime com a exploração de vários produtos.
No período de julho 2023 a julho 2024, o faturamento com celulares roubados chegou a R$ 22,7 bilhões. Numa investida que causa quase cinco mil vítimas por hora, os golpes virtuais arrecadaram R$ 46 bilhões. A venda de drogas ilícitas chega a R$ 30 bilhões. É dessa magnitude a atividade das muitas facções nascidas no Brasil e já disseminadas em países vizinhos na América do Sul, Estados Unidos e Europa. A força armada efetiva das duas maiores entre as 72 organizações criminosas existentes é estimada em quarenta mil homens no PCC (Primeiro Comando da Capital) e em 15 mil no CV (Comando Vermelho).
No mês passado, esteve em Brasília uma delegação dos EUA com o intuito de conseguir que nosso país mudasse de atitude e classificasse como terroristas as duas facções. Os visitantes não foram bem sucedidos junto ao nosso governo e o Consórcio Goebbels não deu bola para o assunto porque os visitantes eram americanos e você sabe que quem autoriza pagamentos não quer ouvir quem fale inglês. Em reuniões com uma equipe do Ministério da Justiça ficaram sabendo que a Lei nº13.260/2016 não permite essa classificação. Ela define como terroristas os atos motivados por “xenofobia e discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião”, executados “com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.
Observe o leitor que, pela lei brasileira, atos que causem terror, exponham a sociedade e afetem a paz, se tiverem objetivo político (!), não são atos terroristas… Mesmo assim, tanto os baderneiros do dia 8 de janeiro quanto os simples manifestantes, por serem supostamente de direita, foram ditos “terroristas” por todos aqueles a quem cabe guardar a Constituição e as leis.
O interesse norte-americano se explica. PCC e CV já operam em uma dúzia de seus 51 estados. Para destruí-los, é necessário combater suas organizações também aqui, no país que emite seus passaportes. Não seria totalmente impróprio dizer que no senso mais comum, são vistas como membros naturais das comunidades. E aí está a diferença: os EUA promovem ações internas e externas para combatê-las com o vigor com que combate mundialmente o terrorismo.
Também nosso desinteresse se explica. Nós normalizamos a situação! Somos receptivos, incorporamos as facções ao nosso convívio, transformadas em províncias autônomas, entregamos a elas partes de nosso território, testemunhamos sua atividade política e sua inserção nos poderes de Estado. Mencionamos suas siglas sem efetivamente pensar na malignidade dos monstros criados. Mesmo assim, especialistas em humanidades, de coração mole e cabeça dura, nos falam, desde o mundo da lua, para propor políticas fofas de acolhida e proteção humanitária das “províncias autônomas” capturadas pelo mundo do crime em todo o país.
Então, as facções queimam ônibus e outros bens públicos e privados, periodicamente bombardeiam delegacias de polícia, usam da violência para impor domínio territorial, tomam avenidas de assalto em movimentos de protesto, causam pânico, mas não… não são terroristas.
Para esse grupo que, por motivos diferentes, comanda os três poderes de Estado, terrorista pinta estátua com batom.
Pontocritico.com
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