General de Brigada Veterano Luiz Eduardo Rocha Paiva
A mentira destrói com uma frase. A verdade requer muito mais espaço para reconstruir.
A mídia esquerdista faz inflamada crítica ao regime militar, acusando-o de ter quebrado o
País. Usa retórica facciosa, plena de omissões e sem a necessária contextualização.
Os governos militares transformaram o Brasil em um país industrializado e com grandes
avanços em todas as áreas, destacando-se agropecuária, educação, saúde, energia, ciência
e tecnologia. O mercado interno foi fortalecido e o País passou a ser exportador com saldos
bem significativos na balança comercial. A implantação da infraestrutura em transportes,
telecomunicações e serviços, com avanços na assistência e previdência social, foram um
feito poucas vezes visto no mundo. Fomos da 48a à 8a posição nas economias do planeta.
A mídia parcial não erra ao dizer que a inflação e a dívida externa eram altíssimas ao final
do regime militar (1985), mas omite que o Brasil suportou e superou ingentes desafios,
graças à infraestrutura consolidada, à economia forte e aos resultados do planejamento
estratégico dos governos militares. O altíssimo crescimento do PIB (média de 8,49%1
de
1966 a 1980) permitiu consolidar uma base de sustentação para vencer duas graves crises
político-econômicas mundiais resultantes de dois choques do petróleo (1973 e 1979), que
afetaram radicalmente até as mais fortes economias globais.
O primeiro choque estava sendo assimilado quando veio o segundo. Os EUA aumentaram
drasticamente a média mensal da taxa básica de juros para debelar sua inflação. As
consequências para os países latino-americanos foram dramáticas, advindo a crise das
dívidas externas e a década perdida. Nossa dívida externa, antes entre administráveis
valores de 25 a 30% do PIB, mais do que dobrou, levando o país ao FMI e à recessão em
1981, com um PIB negativo de 4,2%, enquanto em 1980 tinha sido positivo em 9%.
A recuperação do PIB veio no último ano do governo Figueiredo (PIB de 5,5%) e continuou
nos três primeiros do Presidente José Sarney (PIB médio 6,5%), voltando a cair em 1988
(https://www.paulogala.com.br/100-anos-de-pib-no-brasil/). Porém, as altíssimas taxas de
inflação e a dívida externa continuavam ameaçando o futuro do Brasil e o de outros países.
A esquerda, levianamente, imputa a culpa desse cenário ao regime militar sem a devida
contextualização e omitindo dados importantes do quadro mundial. Faltava vencer a
hiperinflação, mas o Brasil não estava quebrado e, como a sociedade queria a volta de um
governo civil, não caberia mais ao regime militar concluir o processo de recuperação. Eleita
em 1984, cabia à oposição fazê-lo, o que levou uma década até o Plano Real.
É leviano avaliar o regime militar pelos seus últimos cinco anos; desconsiderar as crises que
afetaram o mundo inteiro; calar sobre a sábia decisão de Geisel de assumir o risco de
aumentar a dívida para consolidar a infraestrutura estratégica, permitindo-nos superar a
1
Ver PIB anual 1948-2013: (Fontes: IGP-DI/FGV (1948-1979); IPCA (inflação oficial/1980-2013), IBGE, BCB-Depec.) Disponível em
<http://www.r7.com/r7/media/2014/20140331-info-ditadura/20140331-info-ditadura.html>. Acesso em 04 Ago 2018.
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década perdida; e omitir, também, a recuperação iniciada com Figueiredo e o relevante
salto no cenário mundial nos 20 anos de governos militares.
Quem viu o Brasil, por meio dos governos militares, retomar a jornada para ser um Estado
Democrático de Direito, ao analisar a situação atual concluirá que os governos do PT (2003-
2016; e 2023-2024) não foram os únicos responsáveis pelo deplorável quadro vigente. O
governo fabianista do PSDB (1994-2002) também não soube alavancar o progresso, mesmo
com o Plano Real herdado do governo Itamar Franco. Aos dois faltaram visão estratégica e
nacionalismo, nesse caso, comprometendo ainda a soberania nacional na Amazônia.
Após os governos militares, a globalização fortaleceu as nações ricas e outras de economias
inferiores à nossa nos anos 1980. Enquanto China, Coreia, Índia e outras cresceram
geometricamente e com equilíbrio em todas as expressões do poder, o Brasil ascendeu
aritmeticamente, destacando-se apenas no campo econômico e com base em produtos
primários. Perdemos a visão de grandeza e a capacidade de planejamento estratégico que
existiram e caracterizaram os governos militares.
O regime militar colocara o País entre as oito maiores economias do mundo, pacificara e
redemocratizara a Nação, garantira um ambiente de segurança à sociedade, promovera o
civismo e a moralidade pública e desenvolvera relevante infraestrutura, que permitiriam
atravessar a década perdida e retomar as condições de progresso nos anos 1990. A
esquerda chegou ao governo e assumiu estatais lucrativas, porém, ao transformá-las em
balcões de negociatas político-partidárias e financeiras desmoralizou o Estado como gestor.
Num espaço temporal semelhante, governos civis esquerdistas afundaram o Brasil em
crises morais, políticas, sociais e econômicas, comprometeram a segurança pública, a paz
interna, a soberania e a própria democracia. Condenar um regime de duas décadas, usando
um flash de seus últimos cinco anos, omitindo a recuperação iniciada ao seu final e o
extraordinário saldo de 20 anos é uma vergonhosa desonestidade intelectual.
A mesma liberdade da esquerda para criticar os governos militares me permite compará-los
aos governos civis. À exceção da garantia das liberdades democráticas, os governos
militares foram bem mais eficazes na gestão do País.
No momento, porém, deixo uma provocação. Após 40 anos de governos civis, você acha
que o Brasil preservou a liberdade e a democracia herdadas ao término do regime militar?
Source: RS Notícias: DESONESTIDADE INTELECTUAL A SERVIÇO DA IDEOLOGIA ESQUERDISTA
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