A estatal Correios enfrenta a crise financeira mais grave de sua história, pressionada pelo avanço do e-commerce e de gigantes do setor que desenvolveram redes logísticas próprias, reduzindo drasticamente a dependência dos serviços postais.
O cenário resultou em um prejuízo de R$ 4,4 bilhões no primeiro semestre de 2025, o pior resultado em quase uma década, superando o déficit acumulado desde 2016.
📉 Principais Fatores da Crise
- Logística Privada: Grandes plataformas de e-commerce passaram a operar com logística própria, migrando serviços de entrega e troca. O caso da Shein, que migrou suas operações para a Jadlog, é citado como exemplo recorrente.
- Perda de Receita em Compras Internacionais: A autorização para que empresas privadas realizassem entregas de produtos internacionais de pequeno valor (após a aplicação da “taxa das blusinhas”) causou uma perda anual estimada em R$ 2,2 bilhões para a estatal.
- Defasagem Estrutural: A estrutura pesada e pouco modernizada dos Correios tem dificuldades para competir com a agilidade e a rastreabilidade exigidas por um mercado cada vez mais digital e eficiente.
💰 Plano de Reestruturação do Governo
Para reverter o quadro, o governo federal prepara um pacote de reestruturação que inclui:
- Criação de Fundo Imobiliário: O governo planeja transformar R$ 5,5 bilhões em imóveis da estatal em ativos negociáveis. No modelo sale and leaseback, os imóveis serão vendidos a um fundo, mas continuarão sendo usados pelos Correios mediante pagamento de aluguel, gerando liquidez.
- Empréstimo Emergencial: Está em negociação um empréstimo de R$ 20 bilhões, com aval do Tesouro Nacional, destinado à modernização, corte de despesas e incentivo a programas de desligamento voluntário (PDVs).
Os Correios, fundados em 1663 e presentes em todos os municípios brasileiros, precisam se reinventar para sobreviver em um ecossistema dominado pela inovação tecnológica e pela demanda por excelência logística.
