RS Notícias: Claire Bloom: A Vida e Obra de uma Ícone Britânica do Palco e das Telas

 

Claire Bloom, cujo nome completo é Patricia Claire Bloom, é uma das atrizes mais respeitadas e versáteis da Grã-Bretanha, com uma carreira que se estende por mais de sete décadas. Nascida em 15 de fevereiro de 1931, em Finchley, um subúrbio ao norte de Londres, ela se tornou conhecida por suas interpretações sensíveis e elegantes, especialmente em papéis shakespearianos e em adaptações literárias. Com uma presença etérea e uma profundidade emocional que cativa tanto no teatro quanto no cinema e na televisão, Bloom acumulou prêmios como dois BAFTAs, um Drama Desk Award e nomeações para Emmy, Grammy e Tony. Aos 94 anos (em 2025), ela continua sendo um símbolo de elegância e longevidade artística, tendo escrito memórias que revelam os bastidores de sua vida tumultuada.Início da Vida e FormaçãoFilha de Elizabeth Grew, uma costureira de aspirações artísticas, e Edward Bloom, um agente de viagens de origem judaica, Claire cresceu em um ambiente modesto mas estimulante. Sua tia, a atriz Mary Bloom, influenciou seus primeiros passos no mundo das artes. Aos 10 anos, ela já estudava elocução com a renomada professora Elsie Fogerty na Central School of Speech and Drama, em Londres. A Segunda Guerra Mundial mudou o rumo da família: em 1941, para escapar dos bombardeios do Blitz, eles se mudaram para a Flórida, nos Estados Unidos. Lá, a jovem Claire se apresentou em programas de rádio da BBC e cantou em hotéis para arrecadar fundos para caridade, o que alimentou sua paixão pela performance.De volta à Inglaterra, aos 15 anos, ela fez sua estreia no palco em 1946, com a Oxford Repertory Theatre, em uma produção de The White Devil. Aos 16, integrou o Shakespeare Memorial Theatre (hoje Royal Shakespeare Company) em Stratford-upon-Avon, onde interpretou Ofélia em Hamlet, ao lado de Paul Scofield. Essa fase inicial a estabeleceu como uma promessa do teatro clássico, destacando sua capacidade de transmitir vulnerabilidade e intensidade. Em entrevistas, Bloom credita à mãe e à tia o “alto nível de aspirações criativas” que moldou sua carreira, enfatizando uma abordagem controlada às emoções, em vez de explosões dramáticas.Carreira no Teatro, Cinema e TelevisãoA carreira de Bloom é um mosaico de sucessos em múltiplas mídias, marcada por colaborações com lendas como Charlie Chaplin, Laurence Olivier, Richard Burton e Woody Allen. Ela equilibrou papéis no West End, em Broadway e em Hollywood, sempre priorizando a qualidade sobre a fama.Teatro: Sua especialidade foi o teatro shakespeariano. Em 1948, brilhou como Julieta em Romeu e Julieta no Old Vic, uma performance elogiada pelo crítico Kenneth Tynan como “ouro puro” por sua impaciência e orgulho. Em 1955, interpretou Cordélia em Rei Lear, ao lado de John Gielgud. Um marco foi seu Blanche DuBois em A Streetcar Named Desire (1957), de Tennessee Williams, que lhe rendeu o Evening Standard Best Actress Award e uma temporada de oito meses no West End. Em 1998, aos 67 anos, voltou à Broadway como Clitemnestra em Electra, de Sófocles, ganhando uma nomeação ao Tony e provando sua vitalidade.

Cinema: Seu grande salto veio aos 21 anos, com o papel de Thereza, a bailarina suicida em Limelight (1952), de Chaplin, que lhe valeu o BAFTA de Revelação. O filme a lançou internacionalmente, ao lado do mestre do cinema mudo. Seguiram-se papéis icônicos: Lady Anne em Ricardo III (1955), de Olivier; Helena em Olhem Para Trás com Ira (1959), com Burton; e a espiã Ann Sawyer em O Espião que Veio do Frio (1965), novamente com Burton, em um thriller de John le Carré que destacou sua “beleza refinada”. Outros destaques incluem O Horror de Dracula (1958), A Casa Assombrada (1963), Charly (1968, nomeação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), Clash of the Titans (1981) e O Discurso do Rei (2010), como a Rainha Mary, aos 79 anos. Seus filmes frequentemente exploram temas de perda e redenção, refletindo sua própria sutileza interpretativa.

Televisão: Bloom brilhou em minisséries como Brideshead Revisited (1981), como Lady Marchmain; Anna Karenina (1961), com Sean Connery; e Shadowlands (1985), como Joy Gresham, que lhe rendeu outro BAFTA de Melhor Atriz. Ela também apareceu em Doctor Who e em novelas americanas como As the World Turns (1995).

Ao longo da carreira, Bloom trabalhou com astros como Paul Newman (The Outrage, 1964), Laurence Harvey e Yul Brynner, acumulando mais de 100 créditos. Sua abordagem, como ela descreve em entrevistas, é “agir a partir de si mesma, com os parceiros, esquecendo a câmera”.Momentos Importantes da CarreiraA trajetória de Bloom é pontuada por conquistas que definiram gerações:Ano

Momento

Destaque

1946

Estreia no palco (The White Devil)

Início aos 15 anos, no Oxford Repertory Theatre.

1952

Limelight com Chaplin

Lançamento no cinema; BAFTA de Revelação.

1955

Rei Lear com Gielgud

Consagração shakespeariana como Cordélia.

1957

A Streetcar Named Desire

Evening Standard Award; pico da carreira teatral.

1965

O Espião que Veio do Frio

Colaboração intensa com Burton; elogios à sua “refinamento cultural”.

1968

Charly

Nomeação ao Oscar; papel de mulher que desperta o intelecto de um homem.

1981

Clash of the Titans

Sucesso comercial em fantasia épica.

1985

Shadowlands

BAFTA de Melhor Atriz; biografia de C.S. Lewis.

1998

Electra na Broadway

Nomeação ao Tony aos 67 anos; retorno triunfal.

2010

O Discurso do Rei

Aos 79, como Rainha Mary; indicação ao BAFTA de Apoio.

2021

Entrevista aos 90 anos (BFI)

Reflexão sobre uma vida de “controle de emoções incontroláveis”.

Esses marcos não só destacam sua versatilidade — de heroínas românticas a vilãs vingativas —, mas também sua resiliência, atuando até os 90 anos.Vida Pessoal e Legado LiterárioA vida privada de Bloom foi tão dramática quanto seus papéis. Teve um caso apaixonado com Richard Burton nos anos 1950, que ele descreveu como um de seus grandes amores. Casou-se três vezes: com o ator Rod Steiger (1959-1969), com quem teve a filha Anna Steiger (cantora de ópera, nascida em 1965); com o produtor Hillard Elkins (1969-1972); e com o escritor Philip Roth (1990-1995), um casamento conturbado que inspirou seu polêmico memoir Leaving a Doll’s House (1996), criticando o machismo na arte e na vida. O livro gerou controvérsia, mas revelou sua força como sobrevivente de relacionamentos abusivos.Bloom é autora de dois livros: Limelight and After: The Education of an Actress (1982), focado na carreira, e o memoir pessoal de 1996. Foi condecorada como Comandante do Império Britânico (CBE) em 2019 por serviços à dramaturgia. Mãe dedicada e avó, ela reside em Londres e Nova York, e em entrevistas recentes (como ao BFI em 2021), reflete sobre o “glamour e culpa” de sua vida, enfatizando a arte sobre a fama: “Eu persigo a excelência como artista”.Claire Bloom permanece uma inspiração: uma atriz que, com poise, espírito e aço, navegou por guerras, amores e holofotes, deixando um legado de interpretações que tocam o intocável. Sua história prova que a verdadeira longevidade vem da paixão inabalável pelo ofício.

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