Atualmente, os eventos esportivos são transmitidos por uma variedade de plataformas e canais, refletindo a descentralização crescente do mercado de mídia. Se antes a disputa pelos direitos de transmissão se concentrava entre emissoras de TV aberta e fechada, hoje os serviços de streaming assumem um papel cada vez mais relevante e competitivo nesse cenário.
É nesse contexto que o jornalista gaúcho César Augusto, responsável pelo perfil Cesarnacopa, documenta a sua rotina de cobertura esportiva na Europa rumo à Copa do Mundo 2026, nos Estados Unidos, México e Canadá. Ele também atua no Canal CaloSalvador, no YouTube, criado ao lado do sócio Carlos Salvador, que já soma mais de 68 mil inscritos.
O projeto conquistou recentemente os direitos de transmissão da 2ª divisão do futebol holandês e, mais recentemente, da 3ª divisão alemã, ambos válidos até o fim da temporada 2025/26. Os contratos permitem a exibição de um jogo por rodada e representam uma aposta em ligas alternativas, um nicho ainda pouco explorado no Brasil.
Ao MKTEsportivo, César contou como surgiu o plano de explorar esse mercado, identificando uma demanda crescente entre os torcedores brasileiros por campeonatos menos conhecidos.
“A ideia surgiu durante nosso podcast sobre futebol europeu e viagens. O futebol alternativo tem grande público no Brasil, em especial entre gamers que conhecem ligas e divisões menores. Escolhemos a 2ª divisão da Holanda por ainda não ter transmissão no país e por já ter revelado grandes jogadores. Como moro na Holanda, usei a proximidade e contatos para abrir portas. O ponto de virada foi pensar: ‘por que não tentar?’. Unimos minha experiência em comunicação e a parte comercial do Carlos para iniciar os contatos”, contou o jornalista.
A partir dessa iniciativa, César buscou por conta própria os detentores dos direitos de transmissão, enfrentando um processo mais complexo do que imaginava, sendo que as negociações não ocorrem diretamente com as ligas, mas com agências especializadas que administram seus direitos de mídia e publicidade.
Após semanas de contatos, o principal argumento foi mostrar o potencial do mercado brasileiro e como a ausência de exposição representava uma oportunidade perdida. Os desafios se concentraram nos detalhes contratuais e técnicos, como ajustes para evitar conflitos com transmissões já autorizadas em outros países.
O avanço do projeto se confirma com o acordo para transmitir a 3ª divisão alemã
Com os acordos definidos, o foco passou a ser o investimento e a consolidação do projeto, com a estratégia indo além da rentabilidade imediata, buscando fortalecer a imagem do canal a longo prazo.
“Nosso foco é a imagem e o fortalecimento da marca, embora exista investimento financeiro envolvido. Estamos no início, aprendendo a cada negociação e transmissão, mas já temos um plano de crescimento. Hoje representamos oficialmente a Eerste Divisie no Brasil, com acesso a qualquer jogo na Holanda. A prioridade é consolidar a operação na temporada 25/26 para depois ampliar a parte comercial”, avisou.
Essa expansão começou a se concretizar com a chegada da 3ª divisão da Alemanha ao portfólio do canal, um movimento importante para a plataforma que nasceu a partir de conteúdos ligados ao game FIFA, onde a liga sempre teve destaque.
“O fato dela não ser exclusiva é positivo para nós, afinal, ela está sendo bem distribuída. Além disso, continuamos na mesa de negociações com algumas outras ligas. Algumas portas que nessa temporada não conseguimos atravessar, estão bastante abertas para 26/27. A temporada europeia recém começou e temos alguns objetivos traçados com relação a novos direitos”, contou.
Os primeiros jogos transmitidos, no entanto, mostraram os desafios de uma operação independente., com problemas técnicos e trocas de última hora na equipe quase comprometendo a estreia, e os números de audiência ficando abaixo do esperado.
Apesar disso, César vê o período inicial como uma fase de aprendizado fundamental. Segundo ele, as dificuldades serviram para ajustar processos e reforçar a preparação da equipe, com a expectativa de que, com mais regularidade e divulgação, a audiência cresça gradualmente à medida que o público se acostume com o estilo do canal.
Transformação no consumo esportivo amplia espaço para novos projetos
Nesse movimento de crescimento e adaptação, o projeto também reflete as mudanças pelas quais passa o consumo esportivo no mundo, marcado pela presença cada vez maior de novas plataformas e formatos de transmissão.
O Brasil também acompanha uma tendência global de fragmentação dos direitos de transmissão, com diferentes canais disputando espaço e alterando a lógica tradicional do mercado. Na avaliação de César, esse movimento fortalece clubes, ligas e também abre espaço para iniciativas independentes, que ampliam a oferta e estimulam o interesse dos torcedores.
“Hoje, o torcedor que liga o celular encontra centenas de opções de eventos ao vivo, muitas vezes da mesma competição, em diferentes players. Isso amplia as possibilidades de escolha e abre espaço para novos projetos como o nosso”, concluiu o jornalista.
MKT Esportivo
Source: RS Notícias: Canal brasileiro amplia streaming esportivo com ligas europeias alternativas