Rogério Mendelski
Rodrigo Paz deve tomar posse no próximo dia 8 de novembro e sabe que seu projeto de romper com o atual modelo econômico vai precisar de reformas sem maioria legislativa, da confiança dos mercados e da pacificação social.
A eleição de Rodrigo Paz, candidato de centro-direita do Partido Democrata Cristão (PDC), assinala o fim de quase 20 anos de governos de esquerda na Bolívia. O socialismo cucaracha boliviano tinha sua expressão facial no Movimento ao Socialismo (MAS), cuja liderança estava com Evo Morales, hoje apenas um refugiado em seu próprio país, na região cocaleira do Trópico e de Cochabamba, protegido por uma guarda indígena. Morales governou a Bolívia de 2006 a 2019 e seu esconderijo se deve a uma ordem de prisão por um caso de tráfico de menor de idade e seu sucessor, o atual presidente Luiz Arce, deixou o país na sua pior crise econômica em quatro décadas. Rodrigo Paz deve tomar posse no próximo dia 8 de novembro e sabe que seu projeto de romper com o atual modelo econômico vai precisar de reformas sem maioria legislativa, da confiança dos mercados e da pacificação social. O novo presidente eleito acredita que a economia boliviana tem músculos para retomar o crescimento econômico, “sem pedir dinheiro para o FMI, pois na Bolívia, se não roubarem, o suficiente aparece”. Esta frase de Rodrigo Paz é a mais clássica definição sobre o socialismo cucaracha da esquerda boliviana, isto é, sem roubo, o país se organiza rumo a melhores dias para todos os bolivianos que lhe deram 54,45% dos votos. No rigor dos fatos, a Bolívia sequer tinha um modelo socialista de governo, mas um subsocialismo com feições caricatas de um patrimonialismo perverso. Acabar com esta prática safada de governar é o maior desafio de Rodrigo Paz.
Boa biografia
Rodrigo Paz é senador, tem 58 anos e cresceu no mundo político boliviano. Seu pai é o ex-presidente Jaime Paz Zamora. Seu tio-avô, Victor Paz Estenssoro foi quatro vezes presidente do país e seu tio, Néstor Paz, esteve na clandestinidade e morreu em combate, na selva boliviana.
Mais um amigo
O presidente Lula se ficasse mudo, não seria cobrado pela oposição. Sua declaração de que não vai nomear amigos para a vaga de Luís Roberto Barroso é munição para seus adversários. Seu fiel amigo, o titular da CGU, Jorge Messias é nome mais cotado para o STF.
Lula e a fome
Em Roma, o presidente Lula, falando na reunião da FAO, disse que “a fome é irmã da guerra”. Só que nesta família, a mãe da fome é também a má gestão, a improvisação política e a dependência crônica do assistencialismo, segundo editorial do jornal O Estado de S. Paulo.
Apagão paulista
No final de 2024, 3,1 milhões de imóveis em São Paulo tiverem um apagão com graves prejuízos aos seus proprietários. Desde lá, o governador Tarcísio de Freitas luta para não renovar o contrato com a concessionária italiana, a Enel. “Vamos varrer essa concessionária ruim do nosso Estado.” A Enel quer mais 30 anos de contrato.
Tensão na cadeia pública
A nova cadeia de Porto Alegre, moderna, construída nos padrões mais eficientes de um presídio, inaugurada em setembro, já teve dois incidentes graves. Se o Sistema Prisional não se impor com severidade – cadeia não é hotel, é casa de recuperação social – o crime organizado assumirá a administração do local.
Gabriel Souza
O vice-governador Gabriel Souza é o nome que o MDB trabalha para recuperar a titularidade do Piratini. Desta vez, o MDB exige ser cabeça de chapa na sucessão de Eduardo Leite e nada o afastará deste projeto.
Três correntes na disputa
Além do exigente MDB, mais duas correntes partidárias não abrem mão de seus candidatos preferidos: Edegar Pretto, é o nome do PT que vai arrastar o apoio do PSOL (por enquanto) e Luciano Zucco será o representante da energizada direita gaúcha que vem de uma bela vitória municipal no ano passado.
Trabalhistas e Tucanos
Ambos já governaram o RS, com Alceu Collares (PDT) e com Yeda Crusius e Eduardo Leite (PSDB). Hoje, PDT e PSDB, lamentavelmente, são cotados em chapas majoritárias apenas como coadjuvantes.
Correio do Povo