RS Notícias: Alberto Guerra deixa o Grêmio com gestão marcada por decepções e desgaste generalizado

 

Exatamente um ano e um dia após assumir o comando prometendo “colocar o clube sempre em primeiro lugar”, Alberto Guerra inicia nesta segunda-feira (17) o processo formal de transição para a nova diretoria. O que começou com esperança termina em clima de frustração ampla: do vestiário aos gabinetes, do ex-barbeiro ao ex-roupeiro, do Conselho Deliberativo à torcida nas redes sociais, a insatisfação respinga em praticamente todos os cantos do Olímpico e da Arena.Os números positivos — hexa e hepta do Gauchão — não foram suficientes para blindar o presidente. O sonho do octa, perdido em 2025, simbolizou o tom do triênio: perto, mas nunca o bastante. Fora das quatro linhas, as cicatrizes são ainda mais profundas.Rachaduras desde o início

  • Sem força política, Guerra herdou Renato Portaluppi e foi obrigado a aceitar o auxiliar Alexandre Mendes contra a própria vontade.
  • Danrlei desistiu do apoio ainda na campanha; Paulo Caleffi, vice de futebol no primeiro semestre, foi afastado após divergências diretas com o presidente.
  • O fenômeno Suárez ofuscou por alguns meses as rachaduras internas, mas não as impediu de aparecer.

2024: o ano que enterrou a gestãoA enchente histórica foi o ponto de virada. A decisão de levar o elenco para treinar em São Paulo e os mandos de campo longe da Arena — que custaram pontos preciosos no Brasileirão — geraram revolta na torcida e críticas pesadas à falta de empatia da direção.O grupo itinerante, longe de casa por meses, desgastou a relação de Renato com jogadores e comissão. O treinador, usado repetidas vezes como escudo público da diretoria, perdeu força e acabou saindo. Seguiram-se três técnicos em sequência rápida:

  • Pedro Caixinha (erro de mira);
  • Gustavo Quinteros (durou poucas semanas);
  • Mano Menezes e, por fim, Felipão — mais para blindar a diretoria do que para buscar títulos.

Rejeição histórica nas urnas e fora delasA chapa da situação obteve míseros 4,61% na eleição para renovação do Conselho Deliberativo em setembro. Em novembro, nenhum candidato governista se dispôs a disputar a presidência — sinal claro do desgaste terminal da gestão Guerra.Recentemente, a ação de marketing com a casa de apostas que pediu dinheiro ao torcedor para “grande contratação” expôs o clube ao ridículo nacional. Os responsáveis pela campanha foram demitidos; a parceira rompeu.O último ato: coadjuvante na própria despedidaO anúncio da venda da gestão da Arena para Marcelo Marques colocou Guerra, mais uma vez, como figura secundária. Marques foi o protagonista, sentou no centro da mesa e termina 2025 indicando Odorico Roman — ironicamente, o mesmo adversário que Guerra derrotou há três anos — como novo presidente.Do discurso de posse cheio de pompa em 16 de novembro de 2022 à transição melancólica de novembro de 2025, Alberto Guerra entrega o Grêmio em situação diametralmente oposta à que recebeu: sem brilho em campo, rachado internamente e com a torcida contando os dias para a mudança. O legado, para muitos, resume-se a duas palavras que ecoam nos corredores da Arena: decepção e alívio pelo fim.

Correio do Povo

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