- Sem força política, Guerra herdou Renato Portaluppi e foi obrigado a aceitar o auxiliar Alexandre Mendes contra a própria vontade.
- Danrlei desistiu do apoio ainda na campanha; Paulo Caleffi, vice de futebol no primeiro semestre, foi afastado após divergências diretas com o presidente.
- O fenômeno Suárez ofuscou por alguns meses as rachaduras internas, mas não as impediu de aparecer.
2024: o ano que enterrou a gestãoA enchente histórica foi o ponto de virada. A decisão de levar o elenco para treinar em São Paulo e os mandos de campo longe da Arena — que custaram pontos preciosos no Brasileirão — geraram revolta na torcida e críticas pesadas à falta de empatia da direção.O grupo itinerante, longe de casa por meses, desgastou a relação de Renato com jogadores e comissão. O treinador, usado repetidas vezes como escudo público da diretoria, perdeu força e acabou saindo. Seguiram-se três técnicos em sequência rápida:
- Pedro Caixinha (erro de mira);
- Gustavo Quinteros (durou poucas semanas);
- Mano Menezes e, por fim, Felipão — mais para blindar a diretoria do que para buscar títulos.
Rejeição histórica nas urnas e fora delasA chapa da situação obteve míseros 4,61% na eleição para renovação do Conselho Deliberativo em setembro. Em novembro, nenhum candidato governista se dispôs a disputar a presidência — sinal claro do desgaste terminal da gestão Guerra.Recentemente, a ação de marketing com a casa de apostas que pediu dinheiro ao torcedor para “grande contratação” expôs o clube ao ridículo nacional. Os responsáveis pela campanha foram demitidos; a parceira rompeu.O último ato: coadjuvante na própria despedidaO anúncio da venda da gestão da Arena para Marcelo Marques colocou Guerra, mais uma vez, como figura secundária. Marques foi o protagonista, sentou no centro da mesa e termina 2025 indicando Odorico Roman — ironicamente, o mesmo adversário que Guerra derrotou há três anos — como novo presidente.Do discurso de posse cheio de pompa em 16 de novembro de 2022 à transição melancólica de novembro de 2025, Alberto Guerra entrega o Grêmio em situação diametralmente oposta à que recebeu: sem brilho em campo, rachado internamente e com a torcida contando os dias para a mudança. O legado, para muitos, resume-se a duas palavras que ecoam nos corredores da Arena: decepção e alívio pelo fim.
Correio do Povo
Origem: RS Notícias: Alberto Guerra deixa o Grêmio com gestão marcada por decepções e desgaste generalizado
