Por Alex Pipkin, PhD em Administração
A indústria brasileira se tornou uma relíquia de um país que já ousou produzir. Já representou quase 40% do PIB; hoje mal chega a 10%. O que era motor do progresso se transformou em um anexo. E não por acaso, mas por escolha! Uma escolha política, institucional e cultural.
O Brasil preferiu o compadrio à competição. A mentalidade e a prática do “rent-seeking”, a eterna busca por favores e privilégios estatais, não nos deixam desde o Brasil Colônia — nem quando, em tese, nos tornamos independentes. Criamos uma elite que prospera não pela eficiência, mas pela proximidade com o poder. É o capitalismo de conchavo, ou seja, quem tem acesso ao Estado tem mercado; quem depende de mérito tem prejuízo. Esse compadrio distorce preços, bloqueia a inovação e protege indústrias obsoletas, incapazes de competir. Sufocamos o novo para preservar o velho e ultrapassado.
A baixa abertura econômica completa o enredo dantesco. O país vive isolado, distante dos fluxos tecnológicos e das cadeias globais de valor. Fingimos ser vítimas do protecionismo estrangeiro, quando somos, na verdade, campeões do nosso próprio protecionismo. Essa couraça nacionalista nos condena à irrelevância tecnológica. Enquanto o mundo troca conhecimento, o Brasil troca decretos.
A carga tributária sufocante e os juros altos (atualmente, mandatórios) completam o quadro. O Estado tributa quem produz, desperdiça o que arrecada e ainda se espanta com a falta de produtividade. Empreender no Brasil é resistir ao próprio governo. Inovar, então, é quase um ato de heroísmo.
E há a tragédia educacional. As universidades, com raras exceções, afastaram-se da ciência aplicada. Preferem o conforto da retórica ideológica à inquietude da pesquisa real. O país forma poucos engenheiros, técnicos e cientistas. Falta base para transformar conhecimento em progresso. Sem educação de qualidade, não há inovação; sem inovação, não há indústria.
É preciso lembrar o óbvio “ululante”. As grandes inovações da história nasceram da indústria. Foi no chão de fábrica que o ser humano transformou engenho em civilização. Quando a indústria automobilística se instalou no Brasil, nos anos 1950, trouxe mais do que carros, trouxe tecnologia, produtividade e autoestima. A indústria foi o laboratório da modernidade brasileira. Desde que ela começou a definhar, o país parou de inovar.
A indústria é mais do que um setor econômico; é o coração do desenvolvimento. Gera empregos qualificados, cria conhecimento e dá densidade tecnológica ao agronegócio e aos serviços. Quando ela encolhe, o país empobrece, o Estado arrecada menos e a sociedade perde vitalidade.
Mas Brasília lulopetista insiste na velha fórmula: aumentar impostos e regular ainda mais. Esquece que não há arrecadação sem produção. A cada fábrica que fecha, a cada engenheiro que desiste, o Brasil perde soberania e futuro.
A desindustrialização não é apenas estatística; é o retrato de um país que desistiu de competir.
O Brasil precisa libertar-se do compadrio, do protecionismo e da idolatria fiscal. A indústria não precisa de tutela; precisa de liberdade. O país não precisa de mais Estado; precisa de mais mercado. Menos Marx, mais Mises.
Só assim deixaremos de ser exportadores de commodities e importadores de ideias.
É urgente que voltemos a ser um país que produz, inova e cria o próprio destino.
Não há outra saída, outra “salvação”.
Pontocritico.com
Origem: RS Notícias: A INDÚSTRIA QUE O BRASIL ABANDONOU – 17.11.25