A 6ª Vara Federal de Porto Alegre condenou a empresa Taurus Armas a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais a cada um dos seis voluntários que participaram da retirada de cargas de armas no Aeroporto Internacional Salgado Filho durante a enchente de maio de 2024. A decisão foi assinada pelo juiz Rodrigo Machado Coutinho e publicada nesta semana.
🔹 Como ocorreu o episódio
- Os voluntários — cinco homens e uma mulher — relataram que foram chamados por mensagens em um grupo de resgate no WhatsApp para uma suposta operação de salvamento de crianças ilhadas.
- O grupo saiu de Capão da Canoa, no Litoral Norte, com dois barcos e dois carros.
- Ao chegar ao aeroporto, descobriu que a missão era, na verdade, retirar um arsenal da Taurus preso no local alagado.
- Eles afirmaram ter sido coagidos a seguir na operação, ficando expostos a riscos de facções criminosas que sabiam da presença das armas.
- Segundo o relato, foram responsáveis por organizar a logística e remover cerca de 156 caixas de material bélico, cada uma com aproximadamente 60 kg.
- Também disseram que apareceram em reportagem televisiva, o que aumentou o temor de represálias.
🔹 Defesa da empresa
A Taurus, uma das maiores fabricantes de armas do Brasil, negou irregularidades.
- Alegou que a operação foi determinada pela Polícia Federal, com acompanhamento da Polícia Civil, da Fraport e de escolta privada.
- Sustentou que os voluntários participaram por vontade própria e que a divulgação de imagens ocorreu pelas redes sociais dos próprios envolvidos.
🔹 Decisão judicial
- O juiz rejeitou a acusação de coação, afirmando não haver provas de que os voluntários foram obrigados a continuar após saberem que se tratava do transporte de armas.
- Destacou que eles circularam livremente, tiraram fotos e mantiveram conversas amigáveis com funcionários da empresa.
- Contudo, considerou que a Taurus agiu de forma incorreta ao acionar os voluntários com a informação falsa de resgate de crianças, caracterizando quebra de boa-fé.
- A União foi absolvida, já que sua responsabilidade se limitava à segurança do aeroporto durante a calamidade.
🔹 Próximos passos
Ainda cabe recurso da decisão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A reportagem tentou contato com a Taurus, mas não obteve resposta até a publicação.
Fonte: Correio do Povo
