Machadinho do Oeste (RO) – Dois irmãos foram mortos por policiais militares na quinta-feira (20) durante operação de reintegração de posse de quatro fazendas do grupo Nelore Di Genio, em Rondônia. Alex Santos Santana e Alessandro Santos Santana participavam, junto com cerca de 440 famílias, da ocupação das propriedades que pertenciam ao espólio do empresário João Carlos Di Genio, fundador da Unip/Objetivo.A versão oficial da Polícia Militar é de que os irmãos foram localizados em um Renault Clio trafegando em alta velocidade pela RO-133, em área já desocupada. Segundo a PM, os ocupantes ignoraram ordem de parada, fugiram e atiraram duas vezes contra os policiais – primeiro durante a perseguição e depois ao abandonarem o carro, que atolou na areia. Os agentes reagiram e atingiram os dois homens, que morreram no hospital municipal. A corporação afirma ter apreendido duas armas de fogo e munições no local.A Perícia Criminal foi acionada, mas não compareceu ao local por causa da distância e do “histórico de conflitos” na região.Já a Comissão Pastoral da Terra (CPT) contesta totalmente a narrativa policial. De acordo com o assessor agrário Josep Iborra, o “Zezinho”, as famílias já haviam deixado as fazendas Maruins, Santa Maria, São Miguel e São Vicente de forma pacífica, atendendo à ordem judicial, mas muitas permaneciam nas margens da área sem ter para onde ir. Ele classifica a ação policial como uma “caçada humana” e afirma que não houve notificação prévia nem plano de desocupação, como exige resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em casos de conflitos agrários coletivos.“As pessoas saíram correndo, abandonando tudo que tinham. Muitas estão escondidas no mato até hoje”, relatou Zezinho.As quatro fazendas são alvo antigo de disputa: os sem-terra alegam que se trata de terra pública grilada, enquanto os proprietários afirmam ter toda a documentação regular.O caso ganhou repercussão nacional e reacende o debate sobre o uso de força em conflitos fundiários na Amazônia Legal. Organizações de direitos humanos já cobram investigação independente sobre as circunstâncias das duas mortes.Fonte: Correio do Povo / Agência Brasil
