A Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, levou à prisão do banqueiro Daniel Vorcaro e resultou na apreensão de aproximadamente R$ 230 milhões em bens ligados ao Banco Master. Entre os itens confiscados estão R$ 9,2 milhões em veículos, R$ 2 milhões em dinheiro vivo, R$ 6,15 milhões em relógios, R$ 380 mil em joias, R$ 12,4 milhões em obras de arte e uma aeronave avaliada em R$ 200 milhões.
As investigações apontam que o Banco Master teria vendido R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito inexistentes ao Banco de Brasília (BRB) e apresentado documentos falsos ao Banco Central para justificar as operações. Vorcaro foi preso na noite de segunda-feira (17), quando tentava embarcar no jatinho apreendido — um Falcon 7X da Dassault Aviation, comprado em 2024 pela empresa Viking Participações LTDA, da qual é sócio único.
A defesa nega tentativa de fuga e afirma que o banqueiro viajaria para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para negociar uma nova operação de venda do Master. No entanto, o plano de voo obtido pela PF indicava como destino final a ilha de Malta, o que reforçou as suspeitas.
Além de Vorcaro, também foram presos preventivamente Augusto Lima, ex-sócio do Master, com quem foram encontrados R$ 1,6 milhão em espécie, e os diretores Luiz Antonio Bull, Alberto Feliz de Oliveira e Angelo Antonio Ribeiro, acusados de participação em operações fraudulentas e fornecimento de informações falsas ao Banco Central.
Os investigados respondem por crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa. Em setembro, o Banco Central rejeitou a compra de parte do Master pelo BRB, após cinco meses de análise, alegando risco de contaminação por ativos considerados “podres”.
Nesta quinta-feira (20), a desembargadora Solange Salgado da Silva, do TRF1, negou o pedido de habeas corpus para Vorcaro. Em sua decisão, destacou que o decreto prisional está fundamentado em dados concretos e que a liberdade do banqueiro representaria risco à ordem pública e econômica, diante da suspeita de liderança em esquema de fraudes bilionárias.
A defesa, por sua vez, afirma que a prisão é um “constrangimento ilegal” e sustenta que não há fatos novos que justifiquem a custódia preventiva, já que os bens e valores foram sequestrados pelo Banco Central, neutralizando o risco de ocultação patrimonial.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
