Porto Alegre, 13 de novembro de 2025 – O secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, Marcelo Caumo (União Brasil), deve deixar o cargo nesta quinta-feira (14), após se tornar alvo da Operação Lamaçal da Polícia Federal, deflagrada na terça-feira (12). A decisão, que já era dada como certa nos bastidores do governo de Eduardo Leite (PSD), resulta de uma análise política sobre o desgaste à gestão estadual causado pela investigação, que apura supostas irregularidades em contratos de R$ 120 milhões durante sua gestão como prefeito de Lajeado (2017-2024). Oficialmente, Caumo sai para “responder às apurações com tranquilidade”.O martelo será batido após conversa entre Leite e Caumo, prevista para esta quinta, logo após o governador retornar de Belém (PA), onde participa da COP30. Integrantes do União Brasil já discutem internamente nomes para a substituição, como o ex-deputado Luiz Henrique Viana (MDB) ou técnicos da área de infraestrutura.Operação Lamaçal: o que se sabe
- Foco: Desvio de verbas federais do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), repassadas para recuperação das enchentes de maio de 2024.
- Ação: 35 mandados de busca e apreensão em nove cidades do RS (Lajeado, Muçum, Encantado, Garibaldi, Guaporé, Carlos Barbosa, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Porto Alegre).
- Medidas: Bloqueio de R$ 4,5 milhões em ativos e apreensão de 10 veículos.
- Alvos: Caumo e outros ex-gestores de Lajeado; investigação sobre superfaturamento em contratos de serviços terceirizados (psicólogos, assistentes sociais etc.), dispensados por calamidade pública.
O governo estadual emitiu nota: “A investigação não tem relação com a atuação de Caumo como secretário. O Estado colabora integralmente e resguarda o direito de defesa.”Defesa de CaumoEm nota divulgada por sua assessoria, o ex-prefeito se defendeu:
“Tenho orgulho de ter liderado uma gestão reconhecida por avanços significativos em Lajeado. Estou à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e declaro confiança plena na Justiça. É importante ressaltar que os recursos apreendidos no escritório do qual fui sócio não têm qualquer relação com o objeto da investigação em curso, ou com minha função pública, e será devidamente comprovado.”
Contexto políticoEleito prefeito por Lajeado pelo PP, Caumo migrou para o União Brasil em março de 2025 e era cotado para disputar vaga na Assembleia ou Câmara Federal em 2026. A saída não afeta sua filiação partidária, mas pode complicar planos eleitorais. Leite, que nomeou Caumo em janeiro de 2025, prioriza estabilidade no secretariado em ano pré-eleitoral.O União Brasil, por meio do deputado Luiz Carlos Busato (presidente estadual), evitou comentários: “Aguardamos os desdobramentos e confiamos na Justiça.” A operação expõe fragilidades na gestão de verbas emergenciais pós-enchentes, que mobilizaram bilhões federais para o RS.
Correio do Povo
Source: RS Notícias: Marcelo Caumo deixa secretaria no RS após operação da PF: governo avalia desgaste político
