Por Alex Pipkin
Há ironias que nem Shakespeare ousaria imaginar. Uma emissora centenária britânica, ícone da sobriedade e da credibilidade, foi flagrada adulterando o discurso de Donald Trump. Cortaram o trecho em que ele pedia protestos “pacíficos” e o substituíram por um inflamado “lutem”. Depois, veio o comunicado burocrático: “um erro de julgamento”.
Erro? Não, um escárnio. Um insulto à inteligência alheia, travestido de arrependimento técnico. Porque, convenhamos, erros não são tão coerentes. Os deslizes da mídia progressista seguem uma precisão matemática e acontecem sempre na mesma direção! Contra quem ousa discordar da cartilha ideológica. Quando o “erro” é sistemático, ele deixa de ser erro. É pura e nefasta estratégia.
O diretor, com semblante grave, assumiu a responsabilidade máxima e se retirou. Imagino a cena; o tom compungido, o verniz moral, a tentativa de salvar a própria biografia. Algo entre a culpa teatral e o deboche diplomático. Lembra o nosso folclórico Eduardo Bueno, o Peninha, quando desejou a morte de um pacifista americano e depois soltou uma desculpa tão desastrada que a emenda ficou muito pior que o soneto.
Mas o episódio revela algo mais profundo. O jornalismo, que um dia se pretendeu espelho do mundo, tornou-se o reflexo das paixões ideológicas de seus redatores. A notícia deixou de ser informação; virou catecismo. O repórter moderno interpreta, e milita. Faz tudo isso com o ar messiânico de quem acredita estar salvando o mundo de si mesmo.
E o mais grave: a mesma emissora que editou Trump de forma desonesta foi também acusada de distorcer a cobertura sobre Israel. Israel! País que, cercado por inimigos e atacado por terroristas assassinos do Hamas, exerceu o seu legítimo direito de defesa. Transformar Israel em vilão e o Hamas em vítima é mais do que inaceitável; é destrutivo. Como judeu, eu não posso aceitar, eu repudio. Esse tipo de manipulação midiática alimenta o antissemitismo de forma avassaladora e põe em risco o próprio valor civilizacional que a imprensa deveria proteger, ou seja, a verdade.
A republiqueta vermelho, verde-amarela, sempre atenta às modas ruins, e aos seus interesses espúrios, nada republicanos — não poderia ficar de fora. Nossa versão tropical da emissora britânica chama-se Rede Globo. Claro, o braço midiático não declarado, mas assumido, do lulopetismo. Aqui, nem se disfarça mais. Quando Lula “venceu” a eleição, a redação da Globo explodiu em festa. Jornalistas se abraçavam, riam, gritavam como torcedores em final de campeonato. Isso é jornalismo? Ou torcida organizada com crachá e microfone?
Nenhum diretor se demitiu. Afinal, na Globo, distorcer é virtude. A emissora não informa; interpreta, edita e doutrina. Transformou-se no altar eletrônico da moral progressista, onde a liturgia diária consiste em “corrigir” a realidade até que ela se torne aceitável aos olhos da própria fé.
Como todo bom clérigo secular, os jornalistas da casa creem estar do lado certo da história. Mentem, mas “por uma boa causa”. Manipulam, mas “em defesa da verdade”. A arrogância moral é tamanha que se acham autorizados a enganar o público, e ainda se sentem virtuosos por isso.
Lá fora, ainda há algum pudor; uma demissão, uma admissão de responsabilidade. Aqui, reina o aplauso. O brasileiro liga a televisão acreditando que está se informando, quando, na verdade, assiste a um sermão ideológico com intervalos comerciais.
Não espero arrependimentos nem confissões “globalistas”. Espero apenas que as pessoas despertem, e troquem de canal.
Porque quem controla a narrativa, controla o pensamento. E é exatamente isso que eles querem.
Pontocritico.com