Lajeado, 12 de novembro de 2025 – A Polícia Federal (PF), com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou nesta terça-feira (11) a Operação Lamaçal, que investiga superfaturamento e desvio de R$ 120 milhões em contratos da prefeitura de Lajeado (RS), no Vale do Taquari. Os recursos, do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), foram repassados ao município para lidar com as enchentes de maio de 2024, as mais devastadoras da história do Rio Grande do Sul. A operação cumpriu 35 mandados de busca e apreensão em Lajeado e outras cidades, além de bloqueio de R$ 4,5 milhões em ativos e sequestro de 10 veículos, autorizados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).Foco da investigaçãoO cerne é a contratação de empresa para serviços terceirizados (psicólogos, assistentes sociais, educadores, auxiliares administrativos e motoristas), dispensada de licitação sob justificativa de calamidade pública. A PF aponta irregularidades graves, como superfaturamento e lavagem de dinheiro, com 92 agentes federais e 3 auditores da CGU em campo. As buscas ocorreram em Lajeado, Muçum, Encantado, Garibaldi, Guaporé, Carlos Barbosa, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Porto Alegre.Principal alvo: Marcelo CaumoO ex-prefeito Marcelo Caumo (União Brasil), que comandou Lajeado de 2017 a 2024 e é atual secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano no governo Eduardo Leite (PSD), é o principal investigado. A apuração recai sobre sua gestão durante as enchentes, quando os contratos foram firmados. A reportagem tentou contato com Caumo, sem sucesso até o momento.O governo estadual emitiu nota: “A investigação não tem qualquer relação com a atuação de Marcelo Caumo enquanto secretário. O Estado colabora integralmente com as autoridades.”Reação do União BrasilO deputado federal Luiz Carlos Busato, presidente do União Brasil no RS — partido de Caumo desde março de 2025 —, foi procurado pela reportagem. Em roteiro pelo interior gaúcho, ele afirmou não ter falado com o secretário, mas defendeu o benefício da dúvida:
“Quando acontecem essas operações, a gente tem que ficar sempre com o benefício da dúvida. Vou conversar com ele e provavelmente deve ter alguma explicação. Não vou fazer um pré-julgamento. Não sei o que é.”
Busato completou: “Em princípio, vou confiar nele. Foi bem anterior (à migração de Caumo do PP para o União). Vamos aguardar e entender o assunto. Tenho uma consideração bastante grande pelo Marcelo. Tem sido um bom secretário”.Impactos e próximos passosA Prefeitura de Lajeado informou que as buscas ocorreram no setor de licitações e não envolvem a gestão atual (dementre o prefeito Marcelo Lulke, eleito em 2024). “A administração colabora integralmente e adotará medidas cabíveis diante de irregularidades”, diz a nota oficial.A operação expõe vulnerabilidades na gestão de verbas emergenciais pós-enchentes, que mobilizaram bilhões federais para o RS. A PF segue apurando, com possibilidade de indiciamentos por crimes contra a administração pública e lavagem de capitais. Acompanhe atualizações no site da PF.
Correio do Povo
