A principal crítica recai sobre a condição imposta por Derrite para investigações conjuntas entre a PF e forças estaduais: elas agora dependeriam de pedido formal do governador. Para a PF, isso restringe o alcance das operações, somado à supressão de competências federais, configurando um “verdadeiro retrocesso” no enfrentamento a crimes como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos e tráfico de pessoas.Exemplo prático: operação contra o PCCA PF citou a maior operação contra o crime organizado da história do país, deflagrada em agosto em São Paulo, que desmantelou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do PCC usando postos de combustíveis, motéis e empresas de fachada. “Pelas regras propostas, ações como essa estariam sob ameaça de não ocorrerem ou de terem seus efeitos severamente limitados”, alerta a nota.Reações e contextoDerrite, afastado temporariamente da Secretaria de Segurança de São Paulo para relatar o projeto, defendeu que seu texto não pretende recuar na equiparação de crimes de facções ao terrorismo. Ele prometeu apresentar uma nova versão do relatório até o fim do dia 10, atendendo a pedidos de parlamentares.O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mediou um diálogo entre Derrite e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, para garantir as atribuições da corporação. A base aliada e o governo criticam o texto como uma possível “blindagem ao crime organizado”, segundo a ministra Gleisi Hoffmann.Votação iminenteO PL está na pauta da Câmara para esta terça-feira (11), em regime de urgência. A nota da PF, inédita em tom tão direto, pressiona por ajustes e reforça o debate sobre o equilíbrio entre competências federais e estaduais no combate ao crime organizado.
Agência Brasil e Correio do Povo
