por Jurandir Soares
Europa busca cortar uma das maiores fontes de renda do Kremlin
No momento em que o presidente americano Donald Trump acena com a possibilidade de mais um encontro entre os presidentes da Ucrânia, Volodimir Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin, a Europa, que não quer ver o russo triunfar, está buscando cortar uma das maiores fontes de renda do Kremlin. E esta se dá através do petróleo, cuja venda está sob sanção do Ocidente, mas que tem chegado a vários mercados, em especial o chinês, através de navios clandestinos.
Moscou utiliza navios sem identificação para furar os controles e levar o petróleo russo, de forma clandestina, até os compradores. Com isto consegue recursos que ajudam a manter a guerra.
CERCO
Um documento confidencial do Serviço de Ação Exterior da União Europeia, Seae, divulgado pelo jornal espanhol El País, indica que essa frota clandestina russa chega a cerca de 1.400 navios. Em função disto a União Europeia está estudando novas formas que permitam a seus 27 membros abordar e interceptar esses cargueiros russos. Uma ação que é considerada urgente pelo fato de a atividade desses navios ter um agravante: eles servem de plataforma para o lançamento de drones contra o território europeu.
Assim, a Europa, que não quer ver Putin vencedor dessa guerra, procura agir por todos os lados para derrotá-lo. A principal estratégia tem sido o envio de armamentos para Kiev, inclusive, mísseis de médio alcance para serem lançados contra o território russo.
TOMAHACK
Já o presidente Donald Trump, cuja grande preocupação é alicerçar o caminho para a conquista do Nobel da Paz, segue agindo dentro de sua tática de bater e depois alisar. Como ele quer trazer Putin para a mesa de negociação, ameaça mandar para a Ucrânia os mísseis Tomahawk, para usar contra Rússia e cuja ação é devastadora. Putin já rebateu dizendo que a presença desses mísseis em solo russo colocaria a guerra em um outro patamar. Trump argumenta que, se ele não quiser essa presença, que venha para a mesa de negociação.
Trump tem pressionado também Zelensky para negociar. Ocorre que o ucraniano, embora querendo muito o fim da guerra, está em completa desvantagem no atual momento para uma negociação.
PRISÃO
E a propósito dessa possível negociação mediada por Trump, surge um fator no mínimo curioso. A proposta de local para o encontro, indicada por Trump, é a capital da Hungria, Budapeste. O local não agradou Zelensky, tendo em vista que o primeiro ministro húngaro Viktor Orban é considerado o dirigente europeu mais pró-Putin. Sendo, inclusive, um crítico de Zelensky. Mesmo sendo dirigente de um país membro da União Europeia e da Otan.
O problema maior é que Putin está sob ordem de prisão por parte do Tribunal Penal Internacional, por crime de deportação de crianças ucranianas para a Rússia. Assim, se pisar em solo húngaro terá que ser preso. Este fato deixa muitas dúvidas sobre a presença de Putin em Budapeste.
DONBAS
Seja onde for o encontro, o certo é que não se vislumbra a possibilidade de um acordo que agrade a ambas partes. Zelensky quer a saída dos russos de todos os territórios ocupados e Putin quer para si a província do Donbas. Uma área que não ocupa na sua integralidade. Como Trump quer arrancar um fim da guerra de qualquer maneira, para somar pontos em sua intenção do Nobel da Paz, é capaz de forçar Zelensky a aceitar a entrega do território em troca de alguma proteção ou de um negócio envolvendo minerais especiais.
E com isto, os esforços da União Europeia para deter os navios clandestinos russos, assim como para derrotar Putin, terão sido em vão.
Correio do Povo
Source: RS Notícias: Do cerco aos petroleiros russos à pressão sobre Zelensky