RS Notícias: Lula é antissemita?

 Rogério Mendelski

Há controvérsias com relação a tal separação semântica de Lula, pois recentes atitudes do presidente atingem diretamente ao povo judeu, como a retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA – sigla em inglês da International Holocaust Remembrance Alliance).

A resposta vem do próprio presidente Lula que nega ser antissemita, afirmando que suas críticas são dirigidas ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e à política de seu governo, jamais ao povo judeu. Há controvérsias com relação a tal separação semântica de Lula, pois recentes atitudes do presidente atingem diretamente ao povo judeu, como a retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA – sigla em inglês da International Holocaust Remembrance Alliance). Trata-se de algo inimaginável partindo de nosso país, cujas relações fraternas com Israel existem desde Oswaldo Aranha, presidente da Assembleia-Geral da ONU, quando, em 29 de novembro de 1947, trabalhou para a aprovação da partilha da Palestina, resultando em maio de 1948 a criação do Estado de Israel. A gratidão de Israel a Oswaldo Aranha está registrada com o nome do gaúcho de Alegrete em logradouros públicos, em Tel Aviv e Jerusalém. Hoje, as relações diplomáticas estão praticamente suspensas. O Brasil não tem embaixador em Israel com a mesma reciprocidade parte do governo de Netanyahu. E pelas declarações de Lula comparando as ações de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto, o presidente brasileiro foi declarado “persona non grata” pelo ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, “até que Lula peça desculpas e se retrate”. Lula insiste em dizer que não tem nada contra o povo judeu e sim contra Netanyahu, mas a retirada do Brasil da IHRA, a crítica às ações israelenses em Gaza (numa evidente solidariedade ao Hamas), o cancelamento da compra de armamento de Israel, os arreganhos ao Irã e a lamentável comparação com o Holocausto são interpretadas como insensíveis ou perigosas, especialmente num ambiente globalizado que tem evidentes sinais de antissemitismo.

José Genoino e os judeus

O ex-deputado federal José Genoino (PT) sugeriu o boicote a “empresas de judeus” e “vinculadas ao Estado de Israel” em uma entrevista on-line para o Diário do Centro do Mundo (DCM) em janeiro de 2024. A fala ocorreu no contexto da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, após Genoino ser questionado sobre o apoio de empresários brasileiros a um abaixo-assinado para que o presidente Lula retirasse o apoio à denúncia de genocídio em Gaza.

Retirada do ar

O YouTube removeu trechos de um vídeo com falas de José Genoino sobre boicote a empresas de judeus por decisão judicial. A decisão foi tomada em fevereiro de 2024 pelo desembargador Carlos Eduardo da Fonseca Passos, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

O protesto judeu

A decisão atendeu pedido da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, que sustentou que o ex-deputado José Genoino “proferiu declaração de caráter antissemita durante o programa”. Na época, Genoino afirmou à CNN que nunca foi antissemita. “Repudio qualquer tipo de preconceito contra o povo judeu e defendo a existência de dois Estados”, disse o político. “Temos a obrigação de denunciar o genocídio do governo de Israel contra o povo palestino. Tenho defendido, incansavelmente, o cessar-fogo, a paz entre os povos e a solidariedade ao povo palestino”, complementou.

Outros tempos

No início da campanha antissemita, na Alemanha de Hitler – cujo resultado foi a morte de seis milhões de judeus nos campos de concentração – o slogan nazista era “não comprem nada dos judeus”.

Vexame de Hugo Motta

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-AL), ouviu quieto um disparate verbal de Lula, num evento no Rio de Janeiro, em comemoração ao Dia do Professor. “O Hugo é presidente desse Congresso, e ele sabe que nunca teve uma qualidade de tão baixo nível como tem agora”, disse Lula a Hugo Motta que apenas esboçou um sorriso amarelo.

Equívoco de Lula?

Quem preside o Congresso não é Hugo Motta e sim o senador Davi Alcolumbre (União-AP). Mas ambos presidem as duas casas do Poder Legislativo brasileiro e foram eleitos para uma titularidade de parlamentares de todas as correntes ideológicas.

Ofensa grave

Lula ofendeu toda a bancada de direita da Câmara e do Senado ao dizer que “a extrema direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior”. Mas é preciso que se registre que o presidente Lula tem todo o direito de pensar assim, mesmo com a gravidade da ofensa.

Reação na Câmara

Ontem, a deputada Bia Kicis (PL-DF) disse que “é um absurdo o presidente da República atacar o Congresso dessa forma”, além de dizer que a fala de Lula pode ser considerada uma “afronta”. Já a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) concordou com o presidente Lula: “Infelizmente, o nível do Congresso Nacional realmente está muito ruim”, pois “quem diz isso é a população, quando vai pras ruas, quando aponta isso em pesquisa”, criticou.

Correio do Povo

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