O que a Folha pensa: É urgente privatizar os Correios
Submetidos a uma gestão ideológica, perdulária e desconectada dos desafios impostos pela tecnologia e pelo sistema concorrencial, os Correios apresentam um ritmo de degradação estarrecedor.
No primeiro semestre de 2025, o prejuízo chegou a R$ 4,4 bilhões, um salto em relação ao rombo observado em todo o ano de 2024 (R$ 2,6 bilhões).
Em comparação com o mesmo período do ano passado, a receita caiu 9,5%, a R$ 8,9 bilhões. Os custos administrativos subiram de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,4 bilhões, e as despesas com precatórios dispararam para R$ 1,6 bilhão, alta de quase 500%.
O quadro, que revela inchaço burocrático e investimentos mal planejados, já motivou a aprovação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado e fez com que o presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos, pedisse demissão em julho — mas sua saída não foi formalizada porque o governo não tem um substituto.
Não convence a tentativa de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, de atribuir o prejuízo aos custos de manutenção do serviço postal universal, como entregas em áreas remotas. Ele argumentou que a quebra de monopólio deixou os concorrentes com a melhor fatia do mercado.
Caberia lembrar que o modelo de privatização elaborado pelo BNDES em 2021 previa o desmembramento das atividades em entregas de maior porte e logística complexa, de um lado, e serviços postais, de outro.
Estes últimos continuariam pública e passariam por nova concessão, com manutenção da universalidade, veto ao fechamento de agências em áreas remotas e tarifas acessíveis reguladas pelo Estado. O modelo propunha parcerias privadas para injetar eficiência, sem abandonar o compromisso social e os rincões.
A ideia, baseada em experiências internacionais bem-sucedidas, era maximizar o valor da franquia dos Correios para o contribuinte e evitar a morte lenta (ou rápida, no caso da gestão petista) de uma estrutura calcificada. Mas Luiz Inácio Lula da Silva descartou qualquer nova privatização, antes mesmo de tomar posse, e agora colhe fracassos.
Urge retomar o processo de privatização da companhia. Com deterioração acelerada, adiar a venda só agravará as perdas, exigindo mais aportes públicos.
Uma gestão privada, sob regulação forte, pode modernizar operações, reduzir custos e manter o serviço universal. Espera-se que o Congresso Nacional assuma a responsabilidade de salvar os Correios, caso o governo insista em recusar o caminho da sensatez.
Folha de S. Paulo
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