Por Alex Pipkin – PHD
Sou um opinador compulsivo, uma espécie de viciado em ideias. Incapaz de guardar silêncio. Talvez fosse mais prudente calar. Mas confesso: seria um tédio. Escrevo porque vejo como missão desmascarar o grande truque do nosso tempo, a mais elegante das farsas políticas: o coletivismo. Essa filosofia tem a resistência das ervas daninhas. Mesmo cortada, renasce, com novos slogans e velhas promessas.
E como seduz! O coletivismo se apresenta com os trajes mais nobres: solidariedade, pertencimento, boa consciência. Nada soa mais sublime do que “fazer o bem ao próximo”. Melhor ainda quando essa generosidade não custa um centavo a quem a oferece — pois a conta é paga por terceiros, aqueles que produzem, trabalham, inovam. É a caridade terceirizada ao Estado: confortável, moralmente conveniente e, sobretudo, coercitiva. Ser coletivista, afinal, é uma beleza. É nobre, elegante — e fácil. A generosidade, quando paga com o dinheiro dos outros, é o luxo moral mais barato do mercado.
Para os coletivistas, engajar-se em programas sociais impostos pelo governo equivale a cumprir um dever moral e satisfazer a ânsia de pertencimento. O ser humano deseja participar de algo maior que si mesmo, e o Estado oferece essa ilusão sob a forma de políticas públicas “solidárias”. O poder de atração do coletivismo também está em oferecer supostas soluções para grandes ansiedades difusas: o medo da grandeza corporativa, da competição estrangeira, da desigualdade. Nada mais confortável do que acreditar em slogans generosos.
Na prática, o coletivismo opera um truque vulgar: transfere recursos de quem cria para quem nada produz. Quem trabalha sustenta quem não trabalha; quem inova banca quem nada inventa. Não é justiça — é confisco. Paradoxalmente, é esse sistema que, sob a máscara da compaixão, perpetua a miséria. O mundo, no entanto, não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes — aqueles que, com disciplina e esforço, fazem a economia girar e a sociedade avançar.
As medidas que realmente trazem prosperidade são quase sempre impopulares. A disciplina fiscal, por exemplo, não rende aplausos de palanque nem manchetes apaixonadas. Mas é ela que evita o estouro da dívida, o aumento de preços, a inflação que corrói salários e, ironicamente, castiga os mais pobres, justamente os que o coletivismo jura proteger.
Basta olhar para Gaza e Israel. Jovens, embriagados por slogans de “justiça” e “resistência”, tomam partido sem conhecer história ou geopolítica. Israel, alvo de terroristas que declaram querer eliminá-lo do mapa, é acusado de agressor. O verniz humanitário esconde um antissemitismo reciclado, travestido de compaixão. Mais uma vez, a bondade de vitrine se torna cumplicidade com o mal.
É preciso resistir. Não podemos permitir que palavras como justiça, caridade, solidariedade sejam sequestradas e distorcidas para servir a projetos de poder. A linguagem é o campo de batalha.
O coletivismo, afinal, é isso: a filosofia bondosa do fracasso. Sempre promissora, sempre encantadora — e sempre derrotada. Como toda bondade que se impõe com o bolso alheio.
Pontocritico.com
Source: RS Notícias: A FILOSOFIA BONDOSA DO FRACASSO – 21.08.25
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